Projeto “Impressões Visuais”
O projeto de Monitoria propôs coletar e divulgar as manifestações visuais do público visitante sobre a 21ª Bienal. Pretendeu-se promover um comportamento ativo dos visitantes, estimulando a produção de registros e a construção de configurações que seriam veiculadas pela mídia urbana, simultaneamente à Bienal.
O projeto enfatizou a experimentação e a pesquisa, procurando estabelecer entre o público e as obras da Bienal uma atitude indagadora e reflexiva que relacionasse a observação à produção.
A forma de encaminhar as visitas à exposição, através da elaboração de roteiros específicos organizados em torno de questões estéticas, visava provocar manifestações e depoimentos variados do público. Estas manifestações foram expressas através de registros gráficos que deram origem a imagens mais elaboradas desenvolvidas em atelier montado no espaço da mostra.
O ponto de partida para a produção dessas imagens foram tramas e matrizes que criassem metáforas e estabelecessem analogias com as estruturas dos diferentes veículos de comunicação da mídia urbana.
Esta produção, em seu primeiro momento, teve caráter artesanal, com a utilização de padrões claros e definidos que permitissem a transposição posterior para meios que utilizassem a imagem em escala industrial ou tecnológica.
A veiculação dessas imagens no período da Bienal foi realizada através da estação interna de TV e outros meios, tais como: painel eletrônico, outdoor e canais oficiais de televisão.
O projeto procurou atender cerca de 30.000 pessoas, entre crianças e adultos, no período de três meses da mostra.
Para realizar estes objetivos a Bienal contou com trinta monitores, que receberam, durante o período de quatro meses, uma formação específica voltada para a investigação que incluía experiências e estudos das concepções e práticas da produção contemporânea em arte.
O curso de formação dos monitores foi realizado na Oficina Cultural Oswald de Andrade com o patrocínio da Secretaria do Estado da Cultura.
Esta formação pretendeu capacitar os monitores para desenvolver um trabalho com o público dentro de uma concepção eminentemente indagadora e experimental, de forma a fornecer subsídios para o estabelecimento de um sistema amplo e efetivo de atendimento às necessidades do público das próximas Bienais.
O enfoque teórico adotado na formação dos monitores evitou abordagem cronológica da arte, privilegiando a concepção de vertentes e potencialidades que perpassam a história da arte e que, sob determinadas condições, se concretizam e assumem visibilidade, principalmente como se apresentam na produção artística dos últimos cem anos.
Complementando a abordagem teórica, foi realizado um contato sistemático com o “fazer”, de modo a permitir a problematização dos conceitos de arte através de outros procedimentos de percepção e análise.
Este contato, realizado a partir de propostas de diferentes artistas, foi fundamental para a formação dos monitores, proporcionando oportunidade de reflexão sobre a obra em si (materiais, procedimentos, etc.) e sobre a diversidade de abordagem e intenções dos artistas contemporâneos.
Estas atividades, além do contato intenso com os artistas participantes e com as obras da 21 ª Bienal, forneceram os dados necessários para que os monitores elaborassem diversos roteiros de visitas, tendo em vista as características do público (faixa etária, interesses específicos, etc.), características das obras (analogia de linguagem, encadeamento de vertentes, etc.) e afinidades pessoais.
O projeto “Impressões Visuais”, desde a sua concepção, orientou-se no sentido de sublinhar diferenças, séries, modulações, tramas, continuidades, rupturas, repensando o fenômeno da arte na sua atualidade.
Estas preocupações se refletiram no resultado do projeto durante a mostra e se constituíram em um panorama em permanente mutação das diversas impressões do público sobre a Bienal, estabelecendo uma correspondência direta com o caráter dinâmico, transitório, veloz e múltiplo da arte contemporânea