Nossa equipe estabeleceu objetivos para a 18ª Bienal, realizada em 1985, para cerca de 20.000 alunos de escolas públicas que costumavam visitar as Bienais.
Nosso interesse era investigar as possíveis relações entre o público infanto-juvenil e a produção de arte contemporânea, assim como as manifestações visuais desse público e a ligação possível entre o ensino de arte e essa produção.
O material produzido forneceu subsídios para a reflexão sobre as relações entre a arte contemporânea e o ensino da arte
A equipe era composta por Chaké Ekizian, Marcia F. Mathias, Paulo Von Poser e eu.
O projeto também permitiu levantar dados que forneceram uma amostra da visão das crianças e jovens de São Paulo sobre a arte contemporânea e a Bienal.
Além disso, os projetos desenvolvidos forneceram elementos para que a Fundação Bienal pudesse, no futuro, desenvolver diretrizes de trabalho referentes ao público infanto-juvenil.
Os Três níveis de atuação
Foram propostos três níveis de atuação determinando situações de trabalho com procedimentos diversos que refletiam o contato do público infanto-juvenil com a amostra:
Nivel I – visitas guiadas e trabalho posterior em atelier.



Nível II – Atelier da 18° Bienal com um grupo de 35 crianças e jovens
Foram realizadas atividades três vezes por semana durante um mês.



Nível III – Trabalho em quatro escolas de São Paulo
Atividade caracterizada pelo levantamento do repertório visual de cerca de 300 alunos de quintas e oitavas séries.


Durante o mês, em determinado horário, era feita uma proposta de percurso e trabalho em atelier que abordasse, a cada dia, aspectos diferentes. Foram realizadas 15 propostas, das quais destacam-se:
Releitura da obra de Edward Mayer
Participaram adolescentes de 14 a 17 anos, de escolas estaduais.
O objetivo era a reflexão dos alunos sobre a utilização do espaço em instalações, e o processo construtivo da obra, a instalação intitulada Ultima Thule, do artista americano Edward Mayer, de 1985. A obra era construída com 10 mil sarrafos de pinho, cedro e bétula, apoiados uns sobre os outros.
Na proposta, os alunos visitavam várias instalações e paravam na obra de Edward Mayer para anotações. No atelier, usando palitos de sorvete e nenhum material de apoio, os alunos ocupavam um espaço sobre as mesas e, terminado o trabalho, discutiam a proposta e sua relação com as instalações.
<aqui será inserida uma galeria com imagens>
Releitura da obra de Mika Yoshizawa
Participaram adolescentes de 13 a 17 anos, de escolas municipais.
O objetivo da proposta era refletir sobre as possibilidades do desenho e da utilização do papel como suporte.
Nessa proposta, os alunos passavam por instalações e obras que utilizavam o desenho, com paradas em vários trabalhos de Mika Yoshizawa para anotações.
No atelier, foi solicitado aos alunos que olhassem as suas anotações e recortassem papéis de sua escolha para, a seguir, colocarem as formas no painel, estabelecendo relações entre elas. Em seguida os alunos completavam o painel com outras formas.
Como etapa final, discutia-se sobre o desenho, relacionando-o com o trabalho feito com a obra de Mika Yoshizawa.
<aqui será inserida uma galeria com imagens>
Releitura de uma obra de Karel Appel






O público era composto por crianças de 10 a 14 anos, de escolas particulares.
O objetivo era levar a uma reflexão sobre a pintura, a utilização da cor construindo a forma e as diferentes maneiras de trabalhar a matéria.
Além disso, como o artista participava da exposição especial na Bienal, sobre o Grupo Cobra (grupo de artistas estrangeiros que trabalhavam só com pintura), os alunos eram instigados a apontar o aspecto experimental, irreverente e lúdico na pintura do Grupo Cobra, estabelecendo relação com o próprio trabalho da criança e do jovem.
Nessa proposta o roteiro de visita era dedicado fundamentalmente às obras de pintura, com diversas paradas para anotações.
No atelier, após a projeção em grande dimensão de um slide de uma obra de Karel Appel, os alunos eram solicitados a escolher um pedaço da obra registrando-o sobre o papel branco, colocado sobre a tela em projeção.
A partir desse registro rápido os alunos trabalhavam esse segmento da obra de Karel Appel com tinta guache explorando as misturas de cor e as diferentes marcas do pincel.
Finalmente, os alunos compunham uma “nova” obra com os segmentos trabalhados no painel que se constituiu na síntese da releitura proposta.
Acumulação de matéria, superposições e excesso de tinta
Participaram adolescentes de 13 a 17 anos, de diferentes escolas.
Os objetivos estabelecidos foram a observação e reflexão sobre a acumulação de matéria em uma mesma obra, enfatizando o excesso de tinta, a superposição de tintas.
Nesse projeto os alunos paravam diversas vezes na visitação, faziam um registro coletivo em um mesmo papel de grande formato e, no atelier, selecionavam formas desse registro e trabalhavam sobre um painel, acumulando o trabalho de vários grupos consecutivos.
<aqui será inserida uma galeria com imagens>
Diferentes modos de utilizar a tinta
O público era composto por jovens de 17 a 19 anos, de escola técnica.
Os objetivos estabelecidos eram proporcionar aos alunos a pesquisa de diferentes modos de utilizar a tinta como matéria, textura e cor e provocar reflexão sobre a retomada da pintura por vários artistas, ressaltando a matéria.
Nesse projeto os alunos buscavam novas formas de utilização da tinta.
<aqui será inserida uma galeria com imagens>
As diferenças de Escala
Participaram crianças de 7 a 11 anos, de escolas particulares.
O objetivo era a experimentação e reflexão sobre as diferenças e semelhanças entre os procedimentos utilizados em trabalhos em pequenos e grandes formatos.
Nessa proposta os alunos selecionavam uma de suas anotações, retrabalhavam o registro em papel branco, formato quadrado de 28x28cm; depois retrabalhavam o mesmo registro em papel proporcional 66x66cm e observavam as diferenças e semelhanças nos procedimentos.
<aqui será inserida uma galeria com imagens>
Pequenos objetos
O público era de crianças de 10 a 13 anos, de escolas particulares.
O objetivo era experimentar e refletir sobre o trabalho em 3 dimensões, em pequena escala.
Nesse projeto as crianças realizavam pequenos objetos a partir das anotações e experimentavam soluções diferentes que faziam parte do objeto final.
<aqui será inserida uma galeria com imagens>
A Equipe de Monitoria
Participaram dos projetos realizados na 18ª Bienal como monitores Amanda Fonseca Ribeiro, Ângelo Flores, Artur Lescher, Cláudio Ribeiro de Barros, Cleusa Turra Ajzenberg, Eide Feldon, Magda Ângela de Paiva Zirlis, Regina Kutka, Regina Leite Barreiro, Rosana Guimarães Mariotto.
O Encerramento do Trabalho com uma Exposição
Os trabalhos produzidos no atelier foram reunidos na exposição “A criança e o jovem na Bienal”.
<aqui será inserida uma galeria com imagens>
Impacto no Futuro
As propostas e reflexões realizadas na 18ª Bienal abriram caminho para o trabalho na 19ª Bienal.