Entre julho de 1983 e dezembro de 1984, desenvolvi oficinas no Centro Cultural São Paulo (CCSP) como arte educadora. Neste período, coordenei a implantação de um projeto pioneiro na Divisão de Artes Plásticas do CCSP. Nosso objetivo era proporcionar ao público, especialmente às comunidades carentes, uma imersão na linguagem visual através da prática e reflexão em Artes Plásticas.
Este projeto inovador partiu do princípio de que a arte é uma forma de invenção e criação de novas relações. Assim, nosso ensino de arte rejeitou normas e padrões, focando na busca incessante por novas práticas e na valorização das diferenças individuais. Como educadores, ultrapassamos o papel tradicional, engajando os alunos no pensamento criativo e na construção de novos significados e valores no mundo da arte visual.
Para atingir uma diversidade de públicos, estabelecemos metas específicas.
Desenvolvemos atividades de caráter irradiador, alcançando uma ampla faixa da população.
- Trabalhamos com pequenos núcleos e diversas instituições, incluindo crianças da FEBEM, para as quais oferecemos treinamento especial aos monitores. Realizamos cursos de aperfeiçoamento em arte educação para funcionários de bibliotecas infantojuvenis, coordenadores da Secretaria Municipal de Cultura, e representantes de escolas e creches.
Pesquisamos metodologias que se adequassem à diversidade do público.
- Oferecemos cursos e atividades regulares, como o Atelier Experimental, abrangendo crianças, jovens e idosos, ora todos juntos, ora separados. Também promovemos cursos de curta duração sobre temas variados, como Coreografia e Linha da Memória.
Adaptamos os materiais às necessidades da linguagem visual
- Muitas vezes utilizamos sucatas doadas por empresas, tratadas e organizadas como elementos artísticos.
Estabelecemos conexões com o cenário artístico contemporâneo.
- Levando os alunos a exposições não só no CCSP mas também a museus e galerias, promovendo debates sobre a arte contemporânea.
Criamos diversas atividades do Atelier Experimental, destacando a construção de repertórios pessoais na linguagem visual, a experimentação e a busca por soluções inovadoras.
Públicos atendidos

Atividades de 7 a 14 anos

Atividades de 14 a 25 anos

Atividades da 3a idade
Atividades que mostram a amplitude e a profundidade do trabalho
Dando continuidade à nossa jornada no Centro Cultural São Paulo, a seção de Oficinas da Divisão de Artes Plásticas desenvolveu uma série de atividades enriquecedoras, cada uma delas concebida para atender diferentes faixas etárias e fomentar a exploração criativa. Vou detalhar algumas dessas atividades para ilustrar a amplitude e a profundidade do nosso trabalho.
Explorando Materiais
Voltada para crianças, jovens e adultos, esta atividade tinha como foco a exploração de diversos materiais de baixo custo e fácil manutenção. A proposta era incentivar a pesquisa, permitindo aos participantes experimentar e descobrir as inúmeras possibilidades expressivas e criativas oferecidas por materiais simples e acessíveis.






Sobre a Linha
Essencialmente destinada a crianças e jovens, “Sobre a Linha” propunha uma investigação da linha tanto em superfícies planas quanto em espaços tridimensionais. Utilizando fios plásticos coloridos, os alunos foram encorajados a explorar a linha de maneira lúdica e inovadora, criando formas e estruturas que desafiavam suas percepções habituais.












Dê Cor ao Decór
Focada em jovens e adultos, esta atividade convidava os participantes a experimentar o desenho como uma forma de registro visual. O objetivo era refletir sobre as nuances e complexidades da cor, diferenciando a cor-luz da cor-pigmento. Essa distinção ajudava a aprofundar o entendimento sobre como as cores interagem e como são percebidas em diversos contextos.












Atelier de Jovens e Adultos
O Atelier de Jovens constituiu-se de interferências realizadas no espaço do Centro Cultural.
Curso de Férias
O Curso de Férias era uma proposta vibrante para crianças e jovens, onde se pesquisava elementos da linguagem visual. Explorávamos a cor como pigmento, a cor no espaço, a cor como luz, e a formação de imagens através de técnicas como recorte e colagem. Além disso, a utilização de sucata como elemento visual era uma prática que reforçava a importância do reaproveitamento e da sustentabilidade na arte.









Depoimentos de professores que participaram destas oficinas
Cada uma dessas atividades, com sua abordagem e público específicos, contribuía para a construção de um ambiente de aprendizado dinâmico e inclusivo. Buscávamos não apenas ensinar técnicas artísticas, mas também promover uma compreensão mais profunda da arte como uma ferramenta para a expressão pessoal e a reflexão crítica.
Trabalho com o ver e estabeleço com a criança um “Ver Junto” que tenta recuperar o instante do desenho, a natureza da ação que deixou marcas no papel. Minha intenção é que ela veja o que faz e de que modo fica, a fim de perceber, de alguma maneira, que ela tem um jeito próprio de registrar, que ela tem uma linguagem
Denise B. Brogiolo
A organização do cotidiano é diária, individual e coletiva. É o conhecimento do espeço de trabalho e dos materiais. É a escolha dentro dos limites. Dela fas parte o respeito e a cooperação. É o princípio e a continuidade da proposta de trabalho
Ana Maria M. do Amaral
Considerando uma criança em crescimento e evolução constante, observando estas modificações não passivamente, mas uma observação dando passagem, permitindo e facilitando as possibilidades de ação.
Gisela Bertini e Marco Aurélio de Mello