A Origem da Jornada Artística na Praça Dom José Gaspar
Formação do Grupo da Praça e Primeiros Passos
“A experiência da Praça representa um marco significativo na trajetória de Ani Rocco, marcada por um impacto social inesperado e de grande sucesso. Durante seu período acadêmico, junto com seus colegas Marcelo Nitche, Carmela Gross, Iza Figueiredo e Chake Ekizian, todos na faixa etária de 18 a 19 anos, Ani iniciou um projeto inovador na Praça Dom José Gaspar, no centro de São Paulo. Eles levavam papéis, tintas e pincéis para a praça – materiais estes doados por lojas de arte e pelo jornal Diários Associados – permitindo que crianças usassem livremente esses recursos para pintar e desenhar no chão, uma abordagem incomum para o ensino de arte da época.”
A Inovação no Ensino de Arte ao Ar Livre
“Esse grupo dinâmico, formado inicialmente por quatro amigos próximos – Marcelo Nietsche, Carmela Gross, Isa Figueiredo e Ani, e posteriormente complementado por Chaquet Iquisian – já havia explorado a ideia de abrir uma pequena escola de arte, incluindo uma tentativa frustrada em uma garagem. Ani e Isa também tinham experiência trabalhando com música. A decisão de ensinar em praça pública surgiu em uma reunião na casa de Marcelo, levando à formação do ‘Grupo da Praça’. Eles já tinham experiência em projetos de praça com Flávio Mota, sob o patrocínio da Folha, e decidiram oferecer aulas em um novo local, a Praça Dom José Gaspar, entre a Rua São Luís e a Biblioteca Municipal.”
Desenvolvimento e Crescimento do Projeto
Mobilização de Recursos e Preparativos das Aulas
“Na Praça Dom José Gaspar, o Grupo da Praça experimentou uma longa e frutífera jornada, atraindo um grande número de pessoas. No primeiro dia, um menino de rua se ofereceu para ajudar a varrer o local, preparando-o para os alunos. Eles usavam vassouras improvisadas feitas de galhos para manter a praça limpa e acolhedora. Márcio, o primeiro aluno e ajudante do grupo, tornou-se um colaborador de longo prazo.”
Dinâmicas Culturais e Envolvimento Comunitário
“O projeto acontecia nas manhãs de domingo e rapidamente se tornou um evento cultural significativo, reunindo mais de 100 participantes. A iniciativa contava com músicos e artistas, além do envolvimento ativo dos pais das crianças. Todos os sábados à noite, Ani e seu grupo se dedicavam a preparar os materiais para as aulas do dia seguinte, buscando doações de papel, pigmentos e pincéis de várias fontes, como o jornal Estadão e lojas locais. Após os festivais de música, eles se reuniam para misturar tintas e organizar tudo para o transporte até a praça.”
Impacto e Legado da Experiência na Praça
Abordagem Pedagógica Inovadora
“Nas atividades do Grupo da Praça, as crianças eram incentivadas a pintar livremente, uma abordagem educacional divergente do ensino tradicional da época, que muitas vezes se restringia a cópias de desenhos estereotipados. Esta liberdade criativa era um elemento central na filosofia do grupo, promovendo a espontaneidade e a experimentação artística entre os jovens participantes.”
Influências e Reflexos em Projetos Futuros
“A experiência na Praça Dom José Gaspar não apenas reforçou a crença de Ani Rocco na possibilidade de uma nova atitude no ensino de arte, baseada na liberdade e na pesquisa, mas também serviu como uma influência duradoura em seus projetos futuros. Essa abordagem pioneira, que colocava a expressão e a criatividade das crianças no centro do processo de aprendizado, tornou-se um aspecto distintivo em várias de suas iniciativas profissionais subsequentes.”
Veja alguns dos trabalhos realizados por crianças.